O Campo e a Nossa Formação
Quais são as grandes questões colocadas para nós, jovens brasileiros e sergipanos, quando estamos prestes a escolher um curso de ensino superior?
Qual é a concorrência? Dá dinheiro? Termina logo? O mercado está aberto?
Infelizmente a educação no Brasil deixou que este cenário tomasse forma e escondesse o que deveria ser substancial, para dar lugar à falsas questões.
A Educação parece não ter sentido para o conjunto da sociedade e as questões aparecem, cada vez mais, como se cada indivíduo fosse possuidor do seu próprio destino.
Bom! Não estamos nós querendo jogar um balde de água fria logo na primeira semana de calourada com um papo sério, chato e tals. É justamente o contrário, queremos dar sentido a essa animação, na medida em que acreditamos na força da juventude crítica e firme.
É com este propósito que nós do CALEA convidamos todos os Calouros e Calouras a se envolverem numa reflexão sobre o campo e nossa atuação. Para agora somente instigaremos algumas questões:
O que é formação profissional?
Nós do CALEA/FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) entendemos por formação a simples explicação: formação é Formar para Ação. Mas não se trata de uma abstração, esta questão nos traz outra: Formaremos para que finalidade? E a nossa Ação se dará em que contexto, em qual realidade?
A primeira coisa de que precisamos para tais respostas é de uma boa análise da realidade. Que campo é esse, que agricultura é essa que é praticada no Brasil e quais os desafios?
Sabemos que o Brasil, ao longo da história, somou inúmeras contradições sociais e econômicas, e que boa parte destas contradições advieram de problemas agrários. Os mais notáveis foram: A grande concentração de terra, o uso de mão de obra escrava, o desrespeito ao meio ambiente e a cultura das populações. E hoje em dia? Parece que se passou muito tempo, muita tecnologia e investimentos de várias matizes, mas será que houveram grandes mudanças?
Infelizmente poucas, enquanto 80% da população brasileira acotovela-se nas cidades disputando um prato de comida a bala, 25 grandes empresas controlam 25 milhões de hectares de terras agricultáveis. O Brasil possui 354 milhões de hectares de terras agricultáveis. Porém 46 proprietários controlam 60% delas enquanto que 5 milhões de pequenos agricultores, meeiros e arrendatários ficam com o que sobra. 23 milhões de trabalhadores trabalham na agricultura (40% da população economicamente ativa) em 64 milhões de hectares, os outros 290 milhões de hectares ficam parados. A China com 94 milhões de hectares de terras agricultáveis alimenta 1,2 bilhões (25% da população mundial) de pessoas em condições satisfatórias, segundo a ONU, conforme os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, com índices de proteínas e de calorias bem superiores à média brasileira.
Pelo visto temos muitas questões a enfrentar e por isso devemos nos orgulhar por ter escolhido um curso que toma para si tantos desafios, pois para mudarmos o curso da história precisamos enfrentá-los com muita pesquisa, técnicas, inovações e política.
Por enquanto deixaremos estas reflexões, afim de enterrar aquelas perguntinhas que citamos no início do texto, as quais nunca nos levou a nenhum lugar.
Alegremo-nos Calouros e Calouras, pois adentramos um mundo complexo e bonito, pois escolhemos estudar a ciência agrária, a ciência da vida!
Ivan Siqueira Barreto
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